sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Apanhando uma joaninha coberta de sangue e ferrugem, ela cavoucou um buraco enorme na perna, que se escancarava como uma boca obscena e purulenta no aguardo da comunhão inefável com o conta-gotas, que enterra até sumir no interior de sua ferida boquiaberta. Entretanto, sua fissura horrenda e comburente (fome dos insetos em lugares secos)quebra o conta-gotas cravado nas profundezas da carne de sua coxa devastada (que mais parece um cartaz sobre erosão do solo). Mas e por acaso ela se importa? Não se preocupa sequer em remover o vidro estilhaçado, fitando sua anca sangrenta com os olhos frios e alheios de um carniceiro. Pouco lhe importam a bomba atômica, os percevejos no colchão, a dívida do aluguel que cresce como um câncer, a Dinheiro Fácil prestes a tomar de volta sua carne delinquente...Bons sonhos, Rose Pantopon.

Nenhum comentário: