segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O pesadelo dos donos da moral
Nesse último mês eu decidi estar certa em estar errada. Decidi que a minha "preguiça das pessoas" é natural, mas só porque eu ainda sou normal, dentro do meu conceito de normalidade, é claro. Minha preguiça é procedente de um mundo sem razão, de um mundo moralista, patriarca, idealista, um MUNDO de pessoas que querem dar lição de moral por isso ou aquilo, julgar por isso e aquilo, e ao mesmo tempo um mundo onde pais jogam crianças pelas janelas, filhos CORTAM a mãe em pedaços e jogam no rio, um mundo onde mulher importante é aquela que rebola a bunda grande na tv. Falar de moralismo já é ser moralista. E eu tenho alergia à esse falso moralismo. Ninguém é nada pra falar se você é PRETO, BRANCO, MACONHEIRO, GAY, OU MULHER, aliás, em um mundo desconcertado assim, é audacia demais julgar alguém, o "julgar" é sempre muito precipitado: O homem que sai com todas é o garanhão, o bom e é normal, e a mulher que faz isso é considerada muito biscate/vadia. Se você rouba algo pra comer você é preso, está errado, mas roubar sob um disfarce político já é uma coisa manjada, é o conformismo. Por isso eu sou assim, eu acho certo ser errada, ser errada como eu sempre sou errada, ser errada por ter uma cor de cabelo diferente, ser errada por ter essa alergia dos moralistas, mas eu sempre vou ser errada o suficiente por ter essa alergia de quem se acha forte o suficiente pra julgar alguém. Dentro do meu certo estar errado, eu prefiro as coisas que me preenchem, as pessoas que são suficientemente fortes para aguentar a minha personalidade forte, a minha instabilidade, a minha bipolaridade, e principalmente as que não me julguem por ser assim, porque não cabe a ninguém aqui fazer isso. Estou dando preferência à pessoas que entre idas e vindas são suficientemente leais para estar ao meu lado nos altos e nos baixos, e essas pessoas são contadas nos dedos, mas elas existem, e apesar de eu ter inúmeros defeitos e ser um pouco inflexível às vezes, as pessoas que valem a pena realmente sabem que tem a minha mão estendida eternamente, e pra qualquer coisa, porque eu sou assim, e eu dou muito valor à quem eu sei que vale, eu dou valor até demais. Algumas coisas nesses dias me deixaram vendo tudo sob os olhos lacrimejados de uma solidão mundana, mas quando eu me dei conta, eu não sou errada de ser errada, só debaixo dessas lentes que você enxerga (ao invés de só perceber e deixar passar) quem realmente está do seu lado. Por saber, tomei minhas decisões, a solidão (ou a falta dela) é relativa, a maior coisa é saber que a sua paz interior não depende de ninguém. E dessa paz que eu sinto agora se é chamada solidão, é isso o que eu quero, a solidão. Eu prefiro a veracidade das coisas, eu prefiro estar bem comigo mesma, foi a melhor das decisões que tomei, pensei no quanto eu dei de mim mesma e não vi reciprocidade em quase nada, pensei em passado, em presente, e isso me mostra que não tem porque ter, que não tem porque sentir o sangue na garganta e se conformar com ele, não existe arrependimento, dessa vez eu parei para cuspir esse sangue, esses possíveis passados e presentes me fizeram parar para pensar e eu decidi que eu sou suficiente racional para não querer um futuro assim. Bem ou mal, cedo ou tarde eu decidi que não é o que me preenche, ou pelo menos não mais, o que antes me alimentava agora me dá ansia. O que eu vejo agora é que o que se foi não tem volta, e quem ficou, ficou e só multiplicou a intensidade, o tempo faz isso, o tempo prova quem é quem, em relacionamentos, em amizades, em tudo... eu decidi fazer o melhor pra mim, botar para foder, queimar tudo e pensar em MIM, eu só tenho uma vida e dela quem cuida sou eu.
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